sábado, 15 de junho de 2013

ACERTANDO O PASSO EM DESCOMPASSO

Desde o início de minha trajetória como artista, aprendi que era necessário ter coragem e ousadia para experimentar e desenvolver novas linguagens ou formas de expressão artística. Aprendi também, que era preciso me adaptar a diferentes condições de trabalho e dificuldades. Porque algumas vezes, as condições de trabalho ou do espaço para as apresentações cênicas não serão as melhores. Já me apresentei em colégios, em garagem, na rua, em festas de aniversário e casamentos, antes de chegar a um bom teatro ou eventos universitários. Posso afirmar que independentemente das condições físicas ou materiais dos espaços nos eventos, o que move os artistas a se arriscarem em terreno movediço é a sua paixão a arte da representação e o empenho para mostrar seus trabalhos cênicos depois de prontos. 
 
Quando me apresentei com o trabalho “Andanzas  y Visiones Españolas” na Faculdade de Letras, adaptei e incorporei a falta de infraestrutura do espaço, a ausência de iluminação dirigida e um tablado de madeira à dinâmica da minha proposta de encenação. Sem condições de explorar um trabalho de sapateado mais percussivo, tentei equilibrar os momentos de dança com uma expressão corporal mais teatral. Aproveitei o espaço aberto e a proximidade do público universitário para visualizar e tentar recriar o que seria o espaço dos artistas de rua.

Ao contrário do que ocorreu na Faculdade de Letras, a SAPO 98, foi o evento mais profissional e gratificante que tive a oportunidade de participar com o meu grupo e convidados. Pela maneira como fomos tratados desde a inscrição no evento. Os realizadores não só nos trataram como artistas profissionais, como nos forneceram às condições físicas e de infraestrutura para um espetáculo que envolvia flamenco e teatro. Foi maravilhoso participar de um evento artístico bem realizado, com a presença de artistas conceituados e de prestígio do mercado artístico paulista. Já nos eventos do colégio Heitor Carusi, com Planta y Tacón e Las Niñas Infantiles, o trabalho cênico enfatizou mais a dança flamenca que a representação teatral. Uma vez que o espaço aberto e a interação com o público nos possibilitou investir em um trabalho coreográfico montado em quadros independentes, que criassem a atmosfera de um tablao espanhol.

Eventos culturais como o Arena conta Arena 50 anos, Ciclo Novos Talentos, Dramaturgias, VI Mostra de Dramaturgia do SEMDA, Três Vezes Rua, Dança em Foco, Territórios da Dança, Dança pelos Ares, Semana de arte e cultura da Poli, Encontro dos Amantes de Arte Flamenca e outros dos quais tive a sorte de participar, foram  iniciativas enriquecedoras para os artistas participantes e para  o público, não só pelo lazer mas também de  um tremendo aprendizado. Eventos nota 10, propiciados por companhias de dança e grupos de teatro envolvidos em projetos que, tinham como objetivo não só levar aos interessados formas de cultura e entretenimento, mas também relacionar o seu trabalho artístico a um exercício de cidadania.  A experiência artística tem que ser enriquecedora não só para os artistas, como também democrática para ser partilhada com o público. Senão, de nada vale o esforço e o empenho. Já que numerosos obstáculos precisam ser vencidos até chegarmos a uma apresentação pública. Atuar e encenar em espaços não convencionais que, não seja um teatro (o tradicional palco italiano), cria uma relação mais espontânea, de maior abertura, e uma maior intimidade entre os artistas e o público, devido a proximidade. Independente do espaço, o que vale mesmo é a proposta cênica e o profissionalismo de cada artista, para lidar com dificuldades e o inesperado.
Experimentar e se arriscar para crescer e se aperfeiçoar constantemente é um desafio para todos. Sobre riscos,descobertas, desafios,experimentação e criação coletiva
vou falar mais adiante em uma postagem intitulada “No palco, em coma”. 

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