quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Parabéns mestres da Educação.

(...)Educadores, onde estarão?Em que covas terão se escondido?Professores há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor.Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.

(...) Eu diria que os educadores são  como as velhas árvores. Possuem uma face, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma “entidade” sui generis, portador de um nome, também de uma estória”, sofrendo  tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo para acontecer neste espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal. Mas professores são habitantes de um mundo  diferente onde o educador pouco importa, pois o que interessa é um "crédito cultural” que o aluno adquire em uma disciplina identificada por uma sigla, sendo que para fins institucionais nenhuma diferença faz aquele que a ministra(...).

É isto que eu quero dizer ao afirmar que o nicho ecológico mudou.O Educador, pelo menos o ideal que minha imaginação constrói, habita um mundo em que a interioridade faz a diferença, em que as pessoas se  definem por suas visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos. O professor, ao contrário, é funcionário de um mundo dominado pelo estado e pelas empresas. É uma entidade , gerenciada, administrada segundo  a sua excelência funcional, excelência esta que é sempre julgada a partir de interesses o sistema(...).

(...)Por que nos tornamos animais domésticos? Porque nos esquecemos de nossos sonhos? Que  ato de feitiço fez adormecer o educador que vivia em nós?

E que recuperemos a coragem de falar na primeira pessoa, dizendo com honestidade o que vimos, ouvimos e pensamos. Escrever biograficamente sem vergonha.


Conversas com quem gosta de ensinar.Rubem Alves.Coleção Polêmicas do nosso tempo.Editora Cortez.São Paulo.1985.