segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Um final de cortar o coração

Sou uma atriz dramática. Este gosto pelo drama e paixão pelos conflitos humanos, acredito que vem do fato de gostar de peças teatrais e obras literárias que exploram como tema “a dimensão humana das pessoas”. Seus relacionamentos, como interagem e como modificam a vida umas das outras. Como convivendo coletivamente em vários ambientes e situações, exercitam a paciência, o controle, a tolerância, a perseverança e o amor tentando consertar suas falhas e se melhorar como seres humanos. Temas como família, honra, coragem, superação, fé, confiança, redenção, perdão, esperança, amor, a luta dos oprimidos, a luta contra os abusos sociais, direitos civis e humanos, valores e ideais, justiça e inclusão social, pessoas visionárias que modificam o próprio destino e perseverança para se enfrentar as adversidades no mundo são meus preferidos.

Na universidade li muita literatura brasileira. E aproveitei o acervo das bibliotecas das faculdades de letras e artes cênicas, para ter contato também com a literatura européia, inglesa e latino americana. Durante os seis anos que frequentei a universidade, aproveitei o tempo livre para ler a obra de alguns autores, romancistas e dramaturgos que ainda não conhecia como guy de maupassant, marcel proust, patricia highsmith, charles dickens, valle inclán, harold pinter, leillah assumpção, edy lima, carlos queiróz telles, graciliano ramos, marçal aquino, lewis carrol, mario vargas  llosa, rubem fonseca, fernando arrabal, manuel puig, adamov, sean o´casey, thornton wilder, ernest hemingway,  jules verner, jack london, georg buchner,  dalton trevisan, clarice lispector, jane austen, milton hatoum, louise mary alcott,  jean genet, victor hugo,  jonh steinbeck e pushikin. Foram leituras estimulantes que me fizeram comprender melhor o genero dramático, o conto, a novela, o romance e a ficção.

Gosto também de temas que envolvem “valores e princípios éticos e morais do individuo em conflito com o que é imposto pelo social” que limita sua maneira de ser, agir e pensar como ele quer e almeja. Neste aspecto, em minha opinião federico garcia lorca  e bertholt brecht são os grandes mestres.
Acredito que o “genero dramático” é o que mais dialoga com a realidade porque está muito centrado nas aflições humanas. É um genero que explora muito os dramas pessoais, criando muitos personagens verossímeis com os quais nos identificamos.  Gosto e aprecio muito o drama na literatura, no teatro ou no cinema por ser o genero que mais me permite ter contato com histórias e momentos próximos do cotidiano real” para aprender mais sobre a vida, pessoas e valores.

Por falar em drama, recentemente assisti “Preciosa”, “Biutiful”, “Segredos de família”, “Por uma vida melhor”, “Terras perdidas”, 
“Faz de conta que eu não estou aqui” e “Há tanto tempo que eu te amo”. Estes filmes mostram que são realmente muito complexas as relações em família. Principalmente, quando os conflitos envolvem diferenças entre gerações, rivalidades de amor, ambição, perdas, brigas, agressões, repressão e poder nos papéis familiares. Não sei se vão concordar comigo, mas já perceberam que nas últimas décadas, a instituição que mais tem sido questionada no cinema é “a família”. A relação entre pais e filhos, embora pareça um tema banal, tem se escrito muito sobre ela na ficção.  Apesar da aparente diversidade de temas e personagens nos enredos, e lugares onde se passam as estórias, percebemos que é em torno de um núcleo familiar que se desenvolvem a maioria dos conflitos e crises. E não só porque a famíla reproduz as relações de poder do sistema econômico, do mundo burguês.

Mas porque se pensarmos em termos de drama e experiência coletiva, filmar histórias sobre os laços afetivos, principalmente entre pais e filhos, maridos e esposas, irmãos e irmãs, ex-casais, madrastas ou padrastos e seus enteados, tem possibilitado aos roteiristas criar histórias originais que tem questionado hábitos, costumes e modos de pensar e agir tradicionais, ultrapassados da sociedade que persistem até hoje. Valores que necessitam serem transformados radicalmente para melhorar os indivíduos como seres humanos.

Conscientes de que a luta diária pela sobrevivência e os compromissos sociais tem disperçado cada vez mais os membros familiares, os roteiristas com sua imaginação criadora inspirada em uma genuína “consciência social”, impregnam as histórias com temas como casamentos em crise, traição, abandono de lar, divórcios, separações, violência doméstica, poder, pedofilia, hipocrisia, rebeldia juvenil, conflitos de interesse, solidão, culpas, insegurança social, relacionamentos na meia idade e abuso sexual.
O mundo está muito confuso, disperso, violento, individualista, competitivo e cheio de futilidades. As más tendências do ser humano como sua ambição excessiva, sua vaidade, seu egoísmo, seus vícios e seus preconceitos impedem que a sociedade funcione de maneira sadia. Acredito que a “convivência familiar” pode contribuir para esta transformação social, na medida em que educar seus membros para serem pessoas responsáveis e generosas, capazes de construir uma sociedade de base humanitária não mais baseada na exploração, no poder do dinheiro, na repressão e no autoritarismo. Mas transformar a sociedade pelo exercício do amor, da educação, da fé e pelo respeito ao próximo.
Posso dizer que gostei e aprendi muito com estes filmes. Seus diretores souberam valorizar muito bem os diálogos, os silêncios, a interpretação dos atores e atrizes, e principalmente “os espaços da encenação”, que em determinadas cenas mostravam o que se passava no íntimo das personagens. São filmes muito bem realizados com interpretações fortes e humanas. Os artistas foram muito generosos com seus personagens. Porque conseguiram com  suas atuações sinceras e viscerais, mostrar que apesar dos “dramas e crises dentro da família”, ela ainda é uma instituição forte, pois representa o espaço seguro, no qual seus membros ainda podem dividir seus bens, sonhos, rancores, segredos, alegrias, tristezas e se aperfeiçoarem como seres humanos para viver em harmonia e em sociedade.

Filmes sobre conflitos e relações familiares:

gente como a gente, depois do casamento, o quarto do filho, as leis da família, o primeiro que disse, o segredo do grão, a noiva síria, padre padrone, caos calmo, a pianista, paradise now, sonata de tókio, há tanto tempo que te amo, menina santa, fora da lei, ondas da paixão, três macacos, toda forma de amor, ao entardecer, o rei, propriedade privada, segredos e mentiras, meu pai uma lição de vida, cenas de um casamento, requiem para um sonho, até o fim, negócios de família, esta mulher é proibida, segunda pele, interiores, a flor do meu segredo, o psicólogo, a criança, faz de conta que eu não estou aqui, destinos cruzados, quando me apaixono, a lula e a baleia, a viagem, uma mulher sob influência, o casamento do meu ex, o que eu fiz para merecer isto, segunda feira ao sol, sonhando acordado, mar adentro,  transamérica, beleza americana, spider, mamãe é de morte, pecados íntimos, gilbert grape aprendiz de feitiçeiro, decálogo, o garoto da bicicleta, o peso da água, noites de tormenta, as virgens suicídas, voltar a morrer, caminhos violentos,  encurralada, quem tem medo de virginia woolf,  intersection uma escolha uma renúncia, rainhas, palavras de amor, caminhos da traição, bons costumes, precisamos falar sobre o kevin, a última ceia, quando foi que você viu seu pai pela última vez, juntos pelo acaso, o sonho de cassandra, hannah e suas irmãs, o pântano, a cor púrpura, a corrente do bem,
 o último suspeito,  invasão de privacidade, notas sobre um escândalo,  as idades de lulu, alice,  as pontes de madson, ela é o diabo,  os vigaristas, a casa dos espíritos, rocco e seus irmãos, medo, a casa de alice, a partilha, nossa vida não cabe num opala, o signo da cidade, feliz natal, contra todos, lavoura arcaica,  linha de passe,  à deriva, viva voz, a dona da história, desmundo, o ano em que meus pais sairam de férias, não por acaso, amores possíveis, muito gelo e dois dedos de água, baixio das bestas, se eu fosse você, a grande família, o caminho das nuvens, estranho amor, pai patrão, em nome do pai, império da paixão, esposamente, os boas vidas, na estrada da vida, amor e sedução, o  clube da felicidade e da sorte, a história de qui ju tempos de viver,  gran torino, sobre meninos e lobos, a força do destino, a separação, 21 gramas, tempestade de gelo, o segredo de brokeback mountain, billy elliot, crimes do coração,  uma lição de amor, coisas que perdemos pelo caminho,adivinhe quem vem para jantar, o império dos sentidos,  anticristo, flores partidas, quando o amor é cruel, mamma roma , eu meu irmão e nossa namorada, o sol tornará a brilhar, volver, tudo sobre minha mãe, amores brutos, frances, um ato de coragem, as horas, o que terá acontecido a baby jane, antes só do que mal casado, fim de caso, o último rei da escócia, as invasões bárbaras, o tempo de cada um, o despertar de uma paixão, acho que amo minha mulher,  quatro casamentos e um funeral, o jornal, instinto de vingança,a razão de meu afeto, ela vai ter um bebê,  meu trabalho é um parto,  harry e sally feitos um para o outro, em seu lugar, o poderoso chefão, forças do destino, o gosto dos outros, olhar de anjo, o grão, manhattan, tabu e 4 semanas  3 meses e 2 dias.
Leituras:
“Lições que a vida oferece”. Romance Mediúnico Psicografado por Eliana Machado Coelho.  Lumen Editorial. São Paulo. 2009.
“O que é Ficção”. Ivete Lara Camargos Walty. Editora Brasiliense. São Paulo.1986.
“ 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira”. Organização e prefácio de Luiz Ruffato. Com contos de Tatiana Salem Levy, Lívia Garcia Rosa, Nilza Resende, Cecília Costa, Heloísa Seixas, Cíntia Moscovich e outras. Editora Record. São Paulo. 2004.

“Teoria do Drama Moderno”. Peter Szondi. Editora Cosac Naify. 2ª. Edição. São Paulo. 2011.

“Léxico do Drama Moderno e Contemporâneo”. Jean Pierre Sarrazac. Editora Cosac Naify. 1ª. Edição. São Paulo. 2012.
“Drama em cena”. Raymond Willians. Tradução de Rogério Bettoni. Editora Cosac Naify. 1ª. Edição. São Paulo. 2010.
“Cinema em código. Histórias para filmar”. Alexandre Lydia. Ima Editorial. 1ª. Edição.  2012.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Jornada Dupla

Estou apaixonada por cinema e me sinto muito motivada a estudar e traballhar com este formato. Principalmente com a direção e realização de filmes. Estou aprendendo a lidar com o “formato digital” e confesso que me sinto muito estimulada a escrever, dirigir e buscar recursos para produzir os filmes. O “formato digital”  tem viabilizado a produção de filmes no mundo, e tem possibilitado a muitas pessoas apaixonadas por cinema experimentar propostas estéticas alternativas para filmar com orçamento limitado. Como as filmadoras e câmeras digitais permitem gravar muitas imagens, o diretor tem muita liberdade criativa para inventar e acrescentar novas idéias que não estão impressas no roteiro. Ensaiando nas locações, ele pode pensar em maneiras diferentes de enquadrar uma mesma cena. Assistindo seu elenco improvisar no set, ele estimula a espontaneidade e talento de seus atores e atrizes, que trabalhando  de forma colaborativa, contribuem durante as filmagens com idéias e sugestões que podem não só  modificar ou acrescentar  cenas e diálogos ao roteiro como enriquecer os seus desempenhos. Há muitas histórias que quero contar e o formato digital vai me possibilitar estas experiências, viagens e conhecimentos. E também trabalhar como atriz na área de audiovisual. Vou prosseguir com os cursos livres de atuação para video e buscar também formação em cinema a nível técnico. Já escolhi a escola que oferece formação em dois anos. Tenho pressa. Tenho bons projetos que precisam sair do papel e serem realizados. Então estes cursos no momento são a melhor escolha.
Há uma moçada formada por jovens diretores independentes cujo trabalho ousado e criativo estou conhecendo melhor em festivais de cinema e que tem me inspirado e motivado a trabalhar duro na realização deste projeto. Entre eles estão Pedro Urano, Paulo Pons, Gustavo Spolidoro, Gustavo Beck, Marcelo Pedroso, Eduardo Valente, Felipe Bragança, Daniel Caetano, Ilana Feldman, Guto Parente, Sérgio Borges, Lila Rodrigues e Karine Ades, Cristiano Burlan, João Rocha e Renata Gabriel, Daniel Bandeira, David Mendes França, Petrus Cariry, Eryk Rocha, João Jardim, Gabriel Mascaro, Marcos Felipe, Marcial Renato e Daniel Matos. Estes jovens profissionais estão mostrando que é possível sim fazer cinema autoral, criativo e com qualidade mesmo quando se tem poucos recursos. Acompanho também com interesse o trabalho de dois jovens cineastas muito talentosos, Marco Dutra e Juliana Rojas. Seria uma honra trabalhar um dia com esta dupla de realizadores  paulistas formados pela ECA-USP. Fazer filmes de ficção em formato digital  significa ter um espaço para maior experimentação e liberdade criativa para inventar e não se deixar influenciar pelas velhas fórmulas televisivas.  A proposta é realizar filmes abertos, despojados e provocantes capazes de influenciar a audiência.
 Sobre gramática cinematográfica, enquadramento e realização de filmes:

130 Projetos para você aprender  a filmar. Elliot Grove. Tradução de Jeff Silva. São Paulo. Editora Europa. 2010.

Os cinco Cs da cinematográfia: técnicas de filmagem. Joseph V. Marcelli. Tradução de Janaina Marco Antonio. Revisão Técnica de Francisco Ramalho Jr. São Paulo. Summus Editorial. 2010.

Lendo as imagens no cinema. Laurent Jullier e Michel Marie. Tradução de Magda Lopes. Editora Senac. São Paulo. 2009

A linguagem secreta do cinema. Jean-Claude Carrière. Tradução de Fernando Albagli e Benjamin Albagli. Editora Singular Digital. 1ª. Edição. Rio de Janeiro. 2006.

Direitos autorais na obra cinematográfica. Ivana Crivelli. Editora Letras Jurídicas. 1ª. Edição. São Paulo. 2008.

Como ver um filme. Ana Maria Bahiana. Editora Nova Fronteira. São Paulo. 2012.

A linguagem de cinema. Marcel Martin. Editora Brasiliense. São Paulo. 2ª. Edição. 2009.

O cinema metafísico de Robert Bresson. Thiago L.C. Pereira e Carlos Frederico Gurge Calvet. Editora Batel. 1ª. Edição. Rio de Janeiro. 2011.

Cinco mais cinco. Os maiores filmes brasileiros em bilheteria e crítica. Carlos Diegues, Luis Carlos Merten, Rodrigo Fonseca. Organizador Marcos Didonet.  Legere Editora. São Paulo. 1ª. Edição. 2007.

5 X Favela. Agora por nós mesmos. Organizado por Paola Barreto e Izabel Diegues. Editora Empório do Livro. São Paulo. 2010.

Curtas Extraordinários. Russel Evans. Tradução de Edson Furmankiewicz. Editora Campus. 1ª. Edição.  Rio de Janeiro. 2010.  

O Roteiro de Cinema. Michel Chion. Editora Martins Fontes. São Paulo.1989.

Roteiro de cinema e televisão. Fávio de Campos. Editora Zahar. São Paulo. 1ª. Edição.  2007.

Lições de Roteiristas. Kevin Conroy Scott. Tradução de Angelica Coutinho e Beatriz Pena Vogel. Editora Civilização Brasileira. Rio de Janeiro.  2008.

Imagens. Bergman. Tradução de Alexandre Pastor. Editora Martins Fontes. 2ª. Edição. 2001.

Conversas com Pedro Almodovar. Frederic Strauss. Tradução de Sandra Monteiro e João de Freire. Editora Zahar. São Paulo. 2008.

Walter Salles. Uma Entrevista. Carlos Helí de Almeida. Editora Design Azul. Rio de Janeiro. 2002.

Final Cut Pro 7. O Guia Oficial. Coleção Tech Midia. Rick Young. Tradução de Daniel Vieira. Editora Campus. 1ª. Edição. Rio de Janeiro. 2010.


Coleção Cinema Europeu da Folha de São Paulo. 25 livros - dvd´s.



domingo, 30 de setembro de 2012

O chão que me deve servir de apoio

Minha formação como artista adquiri no teatro amador, no teatro “off” , na dança, na faculdade de letras, no curso técnico de ator, e agora, em workshops e cursos livres nas áreas de cinema, televisão e literatura que estou frequentando. O conhecimento que me falta na área de cinema e televisão estou buscando também por meio de referências de artistas e diretores que admiro e cujo trabalho considero importante e fundamental conhecer e estudar para entender e dominar a linguagem de cinema  e o processo de realização de um filme”.

Entre os diretores estrangeiros que admiro estão: rachid bouchareb, jafar panahi, mohsen makhmalbaf, cyrus nowrasteh, fatik akin, os irmãos dardenne,  todd solondz, apichatpong weerasethakul,   jan troell, matias piñero, amos gitai, nicole  védres,  cynthia scott, claudia llosa, lucia  puenzo, neta efrony, hanan abdallar, julian schnabel, theo angelopoulos, rodrigo garcia, ken loach, mike leigh, steven soderberg, allan park, lars von trier,  sidney lumet,  fernando leon de aranoa, alejandro gonzáles iñarritu, krzysztof kieślowski e jonh cassavetes.


Quero dedicar tempo também para conhecer os filmes que são considerados “clássicos” na história do cinema. Quero entender porque são referências e fonte de inspiração para os grandes realizadores, atores e escritores. Muitos destes diretores antes de realizarem seus filmes e serem cineastas, tiveram várias formações em outras áreas como literatura, artes plásticas, fotografia, direito e publicidade e aproveitaram estes conhecimentos na construção de sua “identidade artística”.
Vou estudar sua filmografia para ter embassamento teórico e humano.Tenho consciência de como trabalhoso e difícil será o caminho a percorrer para me tornar uma  boa cineasta. Técnicamente terei de aprender a manipular filmadoras. Vou ter que estudar muito e me esforçar para aprender sobre enquadramento e linguagem visual  e dominar um software de edição.



 
Como o “cinema é uma arte coletiva”, será necessário aprender conteúdos sobre encenação audiovisual, direção de atores, escrita para roteiro, som, fotografia, direção de arte, montagem, faixas sonoras, mixagem, marcação de luz, escolha e seleção de locações, produção e pós-produção. Na era digital, para se aprimorar na área de cinema e aprender sobre a realização de filmes, a “internet” será uma forte aliada. Terei de buscar no universo on line, em podcasts, sites e blogs informação e conhecimento sobre filmagem. Também ler livros e revistas sobre o tema e explorar muito os extras dos dvd´s que detalham o processo de realização de um filme para aprender sobre o ofício.
 

Lembrando que para escrever boas histórias é preciso ler muito. Não só grandes obras literárias, mais jornais, revistas. Ir muito ao cinema, ao teatro, ouvir boa música, acompanhar os noticiários, conversar com pessoas e aguçar a curiosidade. Gosto de filmes que digam alguma coisa ao público, que passem mensagens e que possam de alguma maneira modificar as pessoas.  Se puder escolher meus projetos, tiver sorte e liberdade artística, vou escolher trabalhos com teor realista e inseridos em um contexto político social.



sábado, 29 de setembro de 2012

A dificuldade da empreitada

Sou atriz profissional. Estou investindo em cursos de atuação para TV e cinema. Quero muito atuar e seguir carreira nestes formatos. Estamos em setembro, e provavelmente vou frequentar mais dois cursos até o início  do ano de 2013. Os cursos e workshops de interpretação para câmera que tenho realizado estão me ajudando a praticar o que aprendi e continuo aprendendo na área de atuação para video. Estou adquirindo experiência e habilidades para atuar em cinema e televisão, e já me sinto familiarizada e segura para trabalhar com estes formatos. E aos poucos, estou conseguindo formar um networking com pessoas que já trabalham nestas áreas e que estão conhecendo o meu trabalho.

Finalmente, consegui me cadastrar em boas agências de atores. Espero que os trabalhos bons comecem a surgir. Porque sou uma atriz talentosa, apaixonada pelo seu ofício, dedicada e esforçada.  Quero muito trabalhar com cinema e ser bem paga pelo trabalho que realizar. Chega de aceitar qualquer trabalho só para estar no mercado.
Quero trabalhar com pessoas que realmente acreditem no meu potencial de atriz e que me façam crescer e me arriscar.  Sei que as agências vão demorar  para chamar, porque  o trabalho, às vezes, exige um determinado perfil, adequação física, temperamento ou habildade para realizar algo. Mas é preciso ter paciência. Consegui também me cadastrar em algumas produtoras de filmes em são paulo e rio de janeiro. Estou confiante e esperançosa.
Um colega meu que tem um agente/empresário artístico me  orientou a procurar este serviço. Uma "empresa de agenciamento artístico" que dê assessoria ao ator para que ele tenha trabalhos de acordo com as suas aspirações artísticas e visibilidade para  atrair oportunidades. Procurei três empresas que fornecem este tipo de serviço, e me disseram que o seu quadro de casting estava completo e que no momento não poderiam me ajudar.
Na verdade, querem agenciar pessoas que já são conhecidas no meio.
Não querem se arriscar com artistas ainda desconhecidos do grande público.

Bom, tenho feito como a maioria de meus colegas que também enfrentam intermináveis sessões de testes e idas a agências e produtoras para conseguir trabalho. Tenho levado meu material para uma avaliação: currículo, 3 fotos impressas ou cd-rom, e videobook com a expectativa de que mais cedo ou tarde  uma boa oportunidade surgirá. Enquanto isto, como a maioria de meus amigos, sigo estudando e me aperfeiçoando para quando esta  oportunidade chegar.
Depois de tanto esforço, estudo e investimento, penso que o maior medo que nós artistas temos, é o medo de não conseguirmos ser bem sucedidos na carreira e ficar toda esta luta e empenho no esquecimento.
Tenho dois amigos que já pararam no meio do caminho. Desistiram por causa das dificuldades e da espera em conseguir um trabalho realmente significativo. Entendo os motivos deles, mas eu nunca vou desistir.

Tenho me sentido recentemente como a personagem de Naomi Watts em Ellie Parker.
Correndo incansavalmente atrás de uma chance que além de me possibilitar viver de meu trabalho como atriz, me resgate do anonimato.
Ser reprovado em um teste, ser rejeitado neste ou naquele projeto é muito doloroso. Mas ouvir mais nãos que sim faz parte da profissão.
Quero ser atriz desde os doze anos.  Eu e minha família sabemos os sacrifícios e o que enfrentei para chegar até aqui. O combustível de meu sonho como atriz é acreditar que vou conseguir. Porque tenho formação e uma trajetória como artista.

terça-feira, 17 de julho de 2012

“As Fadas Americanas: frank capra, dustin hoffman e o cinema da década de 70”


Antes de desejar ser atriz, eu queria ser socióloga ou médica veterinária. Mas eu descobri a “arte de atuar”, e atuar é e tem sido uma experiência física e espiritual muito forte e necessária em minha vida. Não acredito que seja necessário ser um artista para entender isto. Porque a arte sempre faz o indivíduo ver a sí próprio, enxergar e refletir os pontos obscuros da condição humana. A “expressão artistica” nos proporciona muitas vezes experiências de transformação profundas. Assistimos a um filme, a uma peça de teatro, lemos um romance e de repente, desejamos mudar ou fazer algo significativo em nossas vidas ou no mundo.
Eu vejo e sinto o “cinema” como uma grande arte de transformação que nos faz analizar, observar e discutir os comportamentos humanos. E eu cresci acreditando nisto, por causa de “três fadas americanas”. E foram estas três fadas que me fisgaram para a arte da representação e plantaram dentro de mim a vontade de ser atriz.
Frank Capra
Eu sempre acreditei no lado espiritual da vida. Em uma força superior que nos faz acreditar que estamos aqui por algum motivo. E que nos move e nos orienta em uma determinada direção por alguma coisa maior do que nós mesmos e que às vezes nem compreendemos o motivo. E os filmes de Frank Capra sempre tiveram essa “aura de espiritualidade”. O dom, o poder mágico de fazer as pessoas acreditarem que podiam mudar a sua vida a partir de dentro. Que tendo , esperança e amor a jornada na terra seria menos dolorosa e difícil. É isso o que ensinam seus personagens humanistas. Se não conseguimos aprender a superar as adversidades da vida, podemos ao menos tentar suportá-las e lidar com elas.
Seus filmes sempre me emocionaram.  Sempre me tocaram e me modificaram de alguma maneira “interiormente”.
Até hoje, sua filmografia me faz acreditar no “espírito humano”. 

A predisposição que todos temos para acreditar que a bondade, a felicidade,  e as boas intenções que enchem o mundo está nas pessoas. "Que somos nós que fazemos o mundo um lugar melhor e especial para se viver". É acreditar na nossa capacidade de perseverança e resistência frente ás dificuldades do mundo, para continuarmos a jornada, independente dos resultados serem alcançados ou não. Os personagens dos filmes de Frank Capra ensinam que se “as pessoas manterem retidão e firmeza de caráter poderão vencer todos os obstáculos pela simples força de seus sentimentos e valores”. É esta a mensagem de seus filmes.
A felicidade neste mundo está nas coisas pequenas, simples e tolas. Precisamos aprender a ver, sentir, compreender, respeitar e tratar melhor nossos semelhantes e o mundo do qual fazemos parte. Porque sem esta atitude e compreensão não faz sentido a nossa "curta jornada de vida" neste planeta.








Acredito que o cineasta Frank Capra é e continuará sendo um grande diretor e realizador humanista, porque ele fazia filmes com a intenção de enaltecer e mostrar o que o ser humano tinha de melhor como pessoa. Eu amo seus filmes. E posso afirmar que eles mudaram o rumo de minha vida.
Dustin Hoffman

Na atualidade, eu admiro o trabalho de muitos artistas talentosos. Atores e atrizes que atuando no palco, no cinema e na televisão, me passam mensagens otimistas sobre a vida, sobre a natureza humana e sobre espiritualidade neste mundo. 

 Eu admiro, gosto, respeito e reverencio o trabalho artístico de muita gente talentosa como cillian murthy, catalina sandino moreno, jamil debbouze, vincent kartheiser, gabourey sidibe, terence howard, arta dobroshi,  fairuza balk,  jeremie renier, audrey tautou, sandra corveloni, alice braga, selton melo, caio blat, gabriela duarte, maria luisa mendonça, ricardo darín, daniel bruhl, sami bouajila, marion cotillard, charlotte gainsbourg, leonor watling,  jamie bell, emile hirsch,  james franco, rachel macadams, kristin scott thomas,stephen rea, shoreh aghdashloo, mélanie laurent, mathieu kassovitz, josh lucas, naomi watts e guy pearce. 

Mas se eu tiver que citar o nome de um ator cujo trabalho e conjunto da obra,  cuja contribuição artística eu admiro demais, e que sempre me inspirou e me influenciou na profissão de atriz, só posso citar o de Dustin Hoffman.
Dustin Hoffman sempre representou para mim o modelo de artista, no qual um ator e uma atriz tem de se inspirar e se espelhar para se tornar conhecido e respeitado no meio artístico. E também trabalhar com disciplina, dedicação e motivação para crescer e ser bem sucedido.
Um ator com imenso alcance, que consegue com um simples olhar ou uma expressão corporal passar naturalidade, honestidade e humanidade nos papéis que interpreta. Ele tem o dom raro de disfarçar a arte da representação.




Nunca vejo o ator, vejo sempre o ser humano que ele interpreta.Acho que é porque ele deve pertencer a esta classe de atores especiais que encaram cada papel, personagem como uma jornada espiritual. Ele se prepara e se entrega a jornada de cada ser humano que deve personificar. Ele não se esconde atrás do personagem. Seus personagens são sempre  tridimensionais porque ele consegue em cada situação imprimir sua marca e versatilidade de ator de teatro. Além da dimensão interna que ele dá aos seus personagens é incrível a construção externa, o visual realista que ele constrói para os seus papéis.

Eu sou fã e grande admiradora de seu trabalho desde meados da década de 80.  Por causa das reprises televisivas, assisti algumas de suas atuações mais viscerais e marcantes em filmes como: a primeira noite de um homem (1967), midnight cowboy - perdidos na noite (1969),  pequeno grande homem (1970), papillon (1973), lenny (1974), a maratona da morte (1976), liberdade condicional (1978), kramer vs kramer (1979), tootsie (1982), morte do caixeiro viajante (1985), ishtar (1987), rain man (1988), negócios em família (1989).

Hoje, graças a era do digital posso rever estes seus trabalhos e atuações  soberbas. E rever ainda outras ótimas atuações em filmes como dick tracy (1990), billy bathgate (1991), herói por acidente (1991),  epidemia (1995), american bufalo (1996), mera coincidência (1997), o quarto poder (1997), esfera (1998), quero ser jonh malcovich (1999), matemática do diabo (1999), joana darc (1999), vida que segue (2002), o juri (2003), huckbees (2004), confidence o golpe perfeito (2004), em busca da terra do nunca (2005), a cidade perdida (2005), perfume a história de um assassino (2006), mais estranho que a ficção (2006),  o amor não tira férias (2006), a loja mágica de brinquedos (2007), tinha de ser você (2008), a minha versão do amor (2010).









Considero Dustin Hoffman uma referência artística. Um ator, intérprete, artista completo e magnifíco porque ele está sempre desafiando os seus papéis e a si mesmo, e os explorando para buscar sua essência e humanidade.








O cinema da década de 70

Eu amadureci tendo contato com o melhor cinema que foi em minha opinião, o cinema realizado na década de 1970, e mais tarde o da década de 1980. Foi uma época marcada por um cinema de muita criatividade e caráter político. Foram realizados e produzidos filmes engajados e com fortes teores éticos, políticos e morais. Os filmes realizados entre 1970 e 1979 tinham uma atitude crítica que já vinha da década anterior.  A década de 60 se caracterizou por ser uma época de muita agitação, esperança  e inovação nas formas de se fazer luta política.  A cultura jovem dos anos 60 contestava e se opunha a tudo que limitava a liberdade de expressão e manifestação das pessoas.

A década de 1970 representou uma redefinição de valores sociais, morais e culturais em todo o mundo. E o cinema com os filmes que foram realizados entre 70 e 79, estimulou e fortaleceu a noção de cidadania, liberdade de expressão, liberdade de criação, ética e respeito no mundo.
Uma geração de jovens cineastas que saiu das universidades de cinema nos Estados Unidos, investiram toda a sua energia, know-how e criatividade em um novo discurso de crítica social, que até aquele momento não era permitido pela indústria de cinema. Sendo um cinema autoral, no qual os diretores tinham o controle absoluto de sua obra, com liberdade artística realizaram filmes com o compromisso de “retratar a realidade e dar respostas a questões urgentes que incomodavam a sociedade”.  Eu me lembro de ter assistido filmes que colocavam questões delicadas sobre a intolerância racial, o papel da mulher na sociedade, a alienação social, racismo, paranóia, conformismo, inclusão social, luta de classes, guerras, o medo e a violência urbana, as politícas do governo americano, criminalidade e a máfia.
A década de 70 mostrou que se fazia arte com a intenção de se dizer algo, alguma coisa. Não era só o entretenimento que contava. Não adiantava o trabalho ser só interessante e divertir. Também tinha de dízer e ensinar alguma coisa. Mas sem forçar o público, deixar a audiência decidir como se sentir a respeito do que era tratado nos filmes. Nada de doutrinação. Porque isto não existe em arte. Ao nível da experiência coletiva, a década de 70 foi muito importante, porque mostrou que era possível uma nova maneira de pensar, um modo diferente de se relacionar com o mundo e as pessoas.



















Vivemos em um mundo em que é difícil superar as pressões da “sociedade materialista e de consumo”. Porque ela nos induz por meio da publicidade, da moda e de comportamentos, a desejarmos e possuirmos muitas vezes o que não necessitamos. É uma época de materialismo feroz, porque só há dispêndio de energia em se ter, consumir, obter e usufruir tudo o que possa satisfazer os caprichos de diversão, conforto e bem-estar do ser humano.
Nesta época conturbada é preciso equilibrar as forças materiais com as espirituais. E as artes, principalmente “o cinema” com sua linguagem universal que fortalece a cidadania e a conscientização social das pessoas, tem conseguido aglutinar esforços para promover a tolerância, a paz e a solidariedade no mundo.
Por causa destes três motivos, os nomeio de “fadas americanas” abracei definitivamente a profissão de atriz”. Por acreditar que a “arte” tem o poder de informar e instruir. Porque a arte reproduzindo a vida para ser sentida, entendida e julgada em termos afetivos e psicológicos, pode mudar e criar valores morais e culturais positivos na sociedade. 

A profissão de ator é maravilhosa. Ela dá conhecimento, acrescenta vivências e maturidade. Se fora da arte o ator vive a sua vida como uma pessoa comum, dentro da profissão artística ele aceitou um novo modo de vida. E dentro deste novo modo de vida ele não tem preconceitos e nem barreiras a vencer. Porque na arte ele tem liberdade para tudo. “A arte é revolução”. É a possibilidade de mostrar ao espectador que ele tem condições de modificar a sua condição humana e social.

EU ME LEMBRO E NÃO ESQUEÇO FILMES DESTA DÉCADA COMO:

pretty baby de louis malle (1978), uma mulher descasada de paul mazursky (1978), a garota do adeus de hebert ross (1977), o pequeno grande homem de arthur penn (1970), amargo pesadelo de jonh boorman (1972), a última sessão de cinema de peter bogdanovich (1971), o poderoso chefão de francis ford coppola (1972), o franco atirador de michael cimino (1978), liberdade condicional de ulu grosbard (1978), sérpico de sidney lumet (1973), lenny de bob fosse (1974), norma rae de martin ritt (1979), justiça para todos de norman jewison (1979), o expresso da meia noite de allan park (1978),
carie a estranha de brian de palma (1970), os embalos de sábado à noite de jonh badham (1977), cabaret de bob fosse (1972), um estranho no ninho de milos forman (1975), operação frança de willian friedkin (1971), um golpe de mestre de george hoyhill (1973), rocky um lutador de jonh g. avildsen (1976),

taxi driver de martin scorcese (1978), noivo nervoso noiva neurótica de woody allen (1977), kramer vs kramer de robert benton (1979), um dia de cão de sidney lumet (1975), american graffiti de george lucas (1973), shampoo de hal ashby (1975), new york new york de martin scorcese (1977), a maratona da morte de jonh schlesinger (1976), todos os homens do presidente de alan j. pakula (1976), o exorcista de willian friedkin (1973), guerra nas estrelas de george lucas (1977),  contatos imediatos do terceiro grau de steven spielberg (1977),  tommy de ken russell (1975), hair de milos forman (1979), nashville de robert altman (1975), apocalypse now de francis ford coppola (1979), amargo regresso de hal ashby (1978),  a trama de alan j. pakula (1974), laranja mecânica de stanley kubrick (1971), um estranho no ninho de milos  forman (1975), harold e maude  de hal ashby (1971), a profecia de richard donner (1976),  
all that jazz de bob fosse (1979), alien o oitavo passageiro de ridley scott (1979), desejo de matar de michael winner (1974),  love history de arthur hiller (1970),

alice não mora mais aqui de martin scorcese (1974), tubarão de steven spielberg (1975), noite de horror de jonh carpenter (1978), grease nos tempos da brilhantina de  randall kleiser (1978), rede de intrigas de sidney lumet (1976), o candidato de michael ritchie (1972), o grande gatsby de  jack clayton (1974), julia de fred zinnemann (1977),  o campeão de  franco zefirelli (1979), barrry lyndon de stanley kubrick (1975),  inferno na torre de jonh guilhermin (1973),  chinatown de roman polanski (1974), nosso amor de ontem de sidney pollack (1973), muito além do jardim de hal ashby (1975), lua de papel de peter bogdanovich (1973),  aeroporto de jack  smight (1974), superman de richard donner (1978).


Conhecendo os anos 70:
“A meia luz. Cinema e sexualidade nos anos 70”. Paulo Menezes. Editora 34. São Paulo. 2001.
“Almanaque anos 70”. Ana Maria Bahiana. Editora Ediouro. São Paulo. 2006.
“Lo mejor del cine de los 70”. Jurguer Miller. Editora Taschen do Brasil.  2006.
“Anos 70 – Enquanto corria a barca”. Lucy Dias. Editora SENAC. São Paulo. 2003.
“O Legado dos anos 60-70”. Ligia Canongia. Editora Zahar. São Paulo. 2005.
“O cinema brasileiro nos anos 70”. Guido Bilharinho. Editora ITC. São Paulo. 2007.





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