quarta-feira, 17 de junho de 2015

Coreografar depende de talento e não músicas






Já me criticaram muito por usar música mecânica em meus
espetáculos. Também já dancei em eventos com a presença de guitarristas e até um percussionista. Confesso que para mim não há diferença. É claro que o espetáculo fica musicalmente mais bonito. Há a possibilidade de se intercalar momentos de canto e guitarra com o baile, e os artistas flamencos, me refiro aos bailaores e bailaoras até podem improvisar um pouco mais em seus números. No entanto, na minha opinião  não é a música gravada  ou ao vivo que  torna um show ou espetáculo de flamenco mais bonito ou feio, mais ou menos expressivo.  Já vi artistas em cena dançarem só com o ritmo  explorado  em seus pés ou em seus movimentos corporais, e foi teatralmente  tão belo e musicalmente tão lindo, que o público pelos aplausos calorosos não pareceu perceber a ausência de música.

Para mim o que interessa é  um tema e a criação e o desenvolvimento dele, usando o flamenco como um suporte corporal e técnico para exteriorizar este tema por meio de um trabalho teatral. 




arte flamenca é rica e oferece tantas possibilidades de se combinar e dialogar  com outras linguagens artísticas como o teatro e o cinema, que cria inúmeras possibilidades de temas para criações com ou sem uso de música. O mais importante são os sentimentos  e emoções do interior da alma  que poderemos explorar, expressar e compartilhar com o público.


Federico Garcia Lorca: Teoria e prática do duende - Portal Vermelho

Federico Garcia Lorca: Teoria e prática do duende - Portal Vermelho


"Todas as artes são capazes de duende, mas onde ele encontra maior campo, como é natural, é na música, na dança e na poesia falada, já que elas necessitam de um corpo vivo que interprete, porque são formas que nascem e morrem de modo perpétuo e alçam seus contornos sobre um presente exato."