quinta-feira, 6 de junho de 2013

Olhos atentos ou uma recepção renovada do fazer artístico

 
Eu já fui uma atriz cerebral e intelectual demais. Graças aos cursos nas áreas de dança e cinema, aprendi a ser uma atriz mais intuitiva, sensorial e espontânea. Uma atriz mais orgânica e visceral. Prossigo lendo, estudando e conhecendo teorias sobre atuação, mas não me agrada mais aceitar métodos ou regras fixas que não permitem  flexibilidade quando o tema é interpretação.  Tenho procurado a inspiração para criar e atuar no que vejo no meu cotidiano, buscar inspiração na matéria humana da vida real.  Como na dança, busco uma expressão corporal mais simples, intensa, e econômica na gestualidade e sentimentos.  Criar explorando a simplicidade do gesto, da palavra, do silêncio é o que mais tem me interessado. Explorar bem a respiração e o relaxamento corporal para ficar mais disponível e sensível para a criação e expansão na hora de atuar. Meu empenho tem sido investir em uma linguagem corporal mais orgânica, espontânea mais próxima da nossa realidade.
Claro que se faz necessário a um artista ter ampla cultura, curiosidade intelectual, domínio de idiomas, estar atento ás informações do mundo que o cercam para ser crítico e reflexivo no que diz respeito às relações de poder e mudanças que ocorrem na sociedade. Conhecimento é importante, e ter conteúdo para estruturar uma boa pesquisa ajuda a ter material humano para se construir um personagem. Mas confesso que, recentemente estou mais interessada em me afastar da técnica e trabalhar mais com a intuição, o improviso, o inesperado, os impulsos e o que possa resultar da comunhão e troca de energia entre os atores e atrizes em cena. Dependendo da área de atuação, sem descuidar do intelecto, insisto em dizer que cada artista deve investir em um preparo corporal e vocal para deixar seu corpo estimulado e aquecido para a criação. Há muitos trabalhos corporais que podem ajudar neste preparo, e cada um deve escolher o seu de acordo com as suas necessidades e dificuldades. Eu escolhi a "dança flamenca" para o meu preparo corporal e como um suporte criativo, porque este estilo de dança me ajudou a educar e aperfeiçoar o meu corpo para explorar suas potencialidades físicas e emocionais. Mas há outras propostas interessantes como mímica, pantomima, contato improvisação, canto, bioenergética, kundaline, yoga, danças circulares,  pilates, eutonia, técnica Alexander.


O importante é que independentemente do treino corporal escolhido,  cada artista deve utilizar este preparo para alargar sua capacidade interpretativa em cena.
Li , estou estudando os conteúdos e recomendo sobre atuação, corpo e expressão corporal:
 
O papel do corpo no corpo do ator. Sonia Machado de Azevedo. Editora Perspectiva. São Paulo.2004.
Klauss Viana, do coreógrafo ao diretor. Joana Ribeiro da Silva Tavares. Editora Annablume. Brasília. DF:CAPES.2010.
Trabalhar com Grotowski, sobre ações físicas. Thomas Richards. Tradução Patrícia Furtado de Mendonça. Editora Perspectiva. São Paulo.2012.
A Porta Aberta: reflexões sobre a interpretação e o teatro. Peter Brook. Tradução de Antonio Machado. 7ª. Edição. Editora Civilização Brasileira.2011.

FILMES:

 
 
 
SONHOS EM MOVIMENTO de Anne Linsel e Rainer Hoffman e PINA de Win Wenders.
 
Para conhecer o trabalho de Pina Baush, sua dança teatralizada e perceber que, os recursos coreográficos e teatrais podem dialogar e se cruzar livremente e em criações imagéticas, nas quais o corpo é e pode ser o veículo para expressar a vida e os sentimentos no palco, sem necessariamente precisar de palavras.
 
 




 

 

 
 

 
 

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