Eu já fui uma atriz cerebral e intelectual demais.
Graças aos cursos nas áreas de dança e cinema, aprendi a ser uma atriz mais
intuitiva, sensorial e espontânea. Uma atriz mais orgânica e visceral. Prossigo lendo, estudando e conhecendo
teorias sobre atuação, mas não me agrada mais aceitar métodos ou regras fixas
que não permitem flexibilidade quando o
tema é interpretação. Tenho procurado a
inspiração para criar e atuar no que vejo no meu cotidiano, buscar inspiração na
matéria humana da vida real. Como na dança, busco uma expressão corporal mais
simples, intensa, e econômica na gestualidade e sentimentos. Criar explorando a simplicidade do gesto, da
palavra, do silêncio é o que mais tem me interessado. Explorar bem a respiração e o relaxamento corporal para
ficar mais disponível e sensível para a criação e expansão na hora de atuar.
Meu empenho tem sido investir em uma
linguagem corporal mais orgânica, espontânea mais próxima da nossa realidade.
Claro que se faz necessário a um artista ter
ampla cultura, curiosidade intelectual, domínio de idiomas, estar atento ás informações
do mundo que o cercam para ser crítico e reflexivo no que diz respeito às
relações de poder e mudanças que ocorrem na sociedade. Conhecimento é
importante, e ter conteúdo para estruturar uma boa pesquisa ajuda a ter
material humano para se construir um personagem. Mas confesso que, recentemente
estou mais interessada em me afastar da técnica e trabalhar mais com a
intuição, o improviso, o inesperado, os impulsos e o que possa resultar da comunhão e troca
de energia entre os atores e atrizes em cena. Dependendo da área de
atuação, sem descuidar do intelecto, insisto em dizer que cada artista deve investir em um preparo
corporal e vocal para deixar seu corpo estimulado e aquecido para a
criação. Há muitos trabalhos corporais que podem ajudar neste preparo, e cada
um deve escolher o seu de acordo com as suas necessidades e dificuldades. Eu
escolhi a "dança flamenca" para o meu preparo corporal e como um suporte criativo, porque este estilo de dança me ajudou a educar e aperfeiçoar o meu corpo para explorar suas potencialidades físicas e emocionais. Mas há outras propostas
interessantes como mímica, pantomima, contato improvisação, canto, bioenergética,
kundaline, yoga, danças circulares, pilates, eutonia, técnica Alexander.
O importante é que independentemente do treino corporal escolhido, cada artista deve utilizar este preparo para alargar sua capacidade interpretativa em cena.
O importante é que independentemente do treino corporal escolhido, cada artista deve utilizar este preparo para alargar sua capacidade interpretativa em cena.
Li , estou estudando os conteúdos e recomendo
sobre atuação, corpo e expressão corporal:
O papel do corpo no corpo do ator. Sonia Machado de Azevedo. Editora Perspectiva. São Paulo.2004.
Klauss Viana, do coreógrafo ao diretor. Joana Ribeiro da Silva Tavares. Editora Annablume.
Brasília. DF:CAPES.2010.
Trabalhar com Grotowski, sobre ações físicas.
Thomas Richards. Tradução Patrícia
Furtado de Mendonça. Editora Perspectiva. São Paulo.2012.
A Porta Aberta: reflexões sobre a
interpretação e o teatro. Peter Brook. Tradução de Antonio
Machado. 7ª. Edição. Editora Civilização Brasileira.2011.
SONHOS EM MOVIMENTO de Anne Linsel e Rainer Hoffman e
PINA de Win Wenders.
Para conhecer
o trabalho de Pina Baush, sua dança teatralizada e perceber que, os recursos
coreográficos e teatrais podem dialogar e se cruzar livremente e em criações
imagéticas, nas quais o corpo é e pode ser o veículo para expressar a vida e os
sentimentos no palco, sem necessariamente precisar de palavras.
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